Na quarta-feira (03/09), os estudantes do CsF apresentaram seus pôsteres sobre os estágios realizados nas férias. Foi um evento bem legal, com direito à presença da embaixadora do Brasil no Reino Unido, café da manhã e almoço no restaurante chique da universidade e apresentação de piano do único aluno de música dessa leva do CsF. Também foi um dia de despedidas, porque alguns dos veteranos (pessoal que chegou em setembro passado) já estavam de malas prontas e aquela seria a última chance de ter a turma toda reunida. Despedidas são sempre tristes, mas o que fica são as lembranças dos bons momentos - e sempre dá pra encontrar de novo no Brasil.
No mesmo dia, à noite, viajei para Amsterdam para estar novamente na companhia da Luísa, e agora também do Alexandre, outro amigo de Niterói e mais novo CsF do Reino Unido, mas numa universidade diferente. A passagem de Amsterdam foi curta, mas os últimos suspiros do verão serviram pra apagar um pouco a primeira impressão gelada da cidade.
Chegando de volta à Guildford no sábado, com Alexandre a tiracolo, constatei que o verão tinha, infelizmente, terminado de vez. O fim de semana foi só frio e chuva e nublado, e hoje não foi diferente. Hoje, o dia em que marquei pra fazer minha mudança de quarto. Mas primeiro uma explicação.
Todos os alunos de Surrey que moram em alojamentos se mudam em setembro, porque é quando o ano letivo começa oficialmente (embora as aulas só comecem um mês depois). Todo ano, quem mora em alojamento tem que mudar de quarto, flat, porque novos alunos chegam e eles precisam reacomodar todo mundo. Mas todo aluno tem direito a um ano em seu quarto. A minha leva de CsF chegou em janeiro, no meio do ano letivo deles. Nós já nos mudamos numa época diferente, em que a universidade não está exatamente acostumada a receber gente. Da mesma forma, eles não estão acostumados a deixar que ninguém permaneça em seus quartos depois de setembro. Em setembro, você estando aqui há um ano ou seis meses, tem que mudar. Sem discussão - e olha que tivemos muitas. Por fim, a universidade concordou em nos deixar escolher a data em que íamos nos mudar, dentro de um período de duas semanas, o que já é flexibilidade demais pra esses ingleses.
Outro detalhe: todos os brasileiros foram reacomodados em dois prédios, um ao lado do outro. Cada brasileiro está com pelo menos mais um conterrâneo em seu flat de sete quartos. Essa proximidade toda é boa e ruim, mas vou tentar ver só como boa.
Acordei cedo e mesmo com a chuva fina e fria caindo lá fora, não desanimei (até porque o dia da mudança estava marcado pra hoje, não podia mais mudar). Peguei a chave do novo quarto, catei um carrinho de supermercado perdido no campus e tratei de carregá-lo com as malas e bolsas e caixas que tinha empacotado na noite seguinte. Fiz minha mudança sozinha, num total de seis viagens. Só pedi ajuda para um vizinho brasileiro (o lado bom de morarmos todos juntos) descer com minhas duas malas pesadas, mas dei conta de todo o resto. Roupas, sapatos, quinquilharias do quarto, bolsas, ventilador, livros, dvds, eletrônicos em geral, coisas de banheiro, coisas de cozinha, incluindo comidas, tudo. Foi a primeira mudança em que eu realmente participei (quando mudei de apartamento com minha mãe eu era bem mais nova e ela fez tudo sozinha). Me senti tão adulta.
O quarto novo é exatamente igual o antigo, para meu alívio: os móveis estão exatamente na mesma posição de antes, não vou ter que me habituar a uma nova disposição (I'm a freak, I know). Mas tem algumas vantagens, como interruptor ao lado da cama - não mais apagar a luz e tatear a cama no escuro ou usar a luz do poste como guia -, azulejos no banheiro, e o melhor de tudo, o novo prédio tem elevador. Minha mudança solitária, aliás, só foi possível porque eu não tive que subir com minhas tralhas de escada. Pra completar, o prédio é quase ao lado da lavanderia, o que minimiza bastante a minha preguiça de ir lavar roupa.
Neste mês, não tenho muita coisa programada pra fazer. Estou à espera da minha mãe que vem me visitar no fim de setembro; e à espera das aulas que recomeçam em 7 de outubro. Até lá, a chuva do outono e minha pequena pilha de livros deve me fazer companhia.