quinta-feira, 27 de junho de 2013

Viajando pelo UK: Portsmouth

Depois de Cardiff, passei meus dias todos enfiada dentro de casa, descansando das mini-férias. Saí umas duas noites seguidas com alguns amigos, passei mais dias desfrutando da companhia do pó do meu carpete, personagens fictícios de seriados e outros entretenimentos de internet (o que mais há para fazer em dias nublados?), resolvi espanar a poeira e abandonar o estilo de vida vampírico, acordar cedo e sair em busca do (tão raro) sol na companhia de G e M. Destino: Portsmouth, a apenas 1h20 de distância de trem.

Primeira vista da cidade: o porto



A cidade portuária e histórica é bem bonitinha, tem alguns navios antigos para visitar e vários barcos que oferecem passeios pela costa e até a Ilha de Wight. Também tem um shopping/outlet enorme com várias marcas, ótimo lugar para fazer compras quando estiver voltando para o Brasil...

Começamos o passeio em busca do centro de informações turísticas, onde pegaríamos um mapa para descobrir o que há pra se fazer na cidade. Mas o centro tinha mudado de lugar e estava quase do outro lado da cidade. Não tínhamos opção a não ser seguir pela costa e eventualmente encontrar Tourist Information Centre. Felizmente, encontramos um outro centro de informações (de compras, não de turismo) dentro do Gunwharf Quays - o super shopping center e outlet onde M e G piraram (só um pouquinho) nas promoções - e lá conseguimos um mapa. Como já era meio-dia e estávamos famintos, resolvemos comer por ali mesmo, já que a oferta de restaurantes era grande. Demos uma de rycos almoçando do lado de fora do restaurante, de frente para a marina onde nosso iate nos buscaria para um passeio mais tarde - o mundo da fantasia é uma coisa linda.

Depois de um almoço agradável, continuamos andando ao longo da costa até chegarmos a uma praia. Descemos para as pedras e ficamos um bom tempo sentadinhos conversando, olhando o mar e pegando sol (lembrei de passar protetor solar dessa vez para não ter meu nariz descascando como quase aconteceu depois de Brighton!). Depois de alguns minutos relaxantes voltamos a caminhar e encontramos um píer com um pequeno parque de diversões, mini-golfe e até um cassino. Continuamos em frente, passamos por um parque bonitinho, passamos pelo castelo de Southsea (uma fortificação qualquer, nada comparado aos castelos de Cardiff, a menos que do mar a vista fosse diferente...), andamos pelo alto da 'muralha' e resolvemos parar para descansar mais um pouco em alguns bancos - afinal, andamos por quase toda a costa da cidade, considerando ainda todos os desvios e caminhos errados que tomamos no início. Até tirei um cochilo. A propósito, do lado do castelo, nossa última parada, estava o tal centro de informações turísticas. Imagine andar aquilo tudo sem um mapa! Ainda bem que conseguimos um no início do passeio.



Por volta das cinco da tarde o vento ficou mais frio e o sol mais fraco e nossas pernas definitivamente começaram a falhar. Andamos um pouco mais e entramos num ônibus que nos levou de volta exatamente para onde nossa viagem tinha começado: na estação de trem de Portsmouth Harbour. Pegamos o trem de 17h45 e às 19h15 já estávamos dentro de casa.

Acabamos não explorando muito os pontos turísticos da cidade; não entramos em nenhum museu ou monumento. Mas valeu a pena pelas fotos que tiramos e por toda a diversão que tivemos juntos. E eu amei passar o dia inteiro fora de casa na companhia de bons amigos. Eu sozinha não estava mais dando conta de mim mesma.

(Só faltou a foto dos três juntos que, mesmo com um tripé em mãos, acabamos esquecendo de tirar ...)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Viajando pelo UK: Cardiff

Às sete horas da manhã de domingo, eu e J nos encontramos para nossa longa caminhada de 40 minutos até a estação de trem - os ônibus no domingo só começam a passar 09h30 -, onde pegamos um trem para a estação Victoria em Londres e de lá, pegamos nosso ônibus para Cardiff pontualmente às 09h30. Eu estava animada para ver as paisagens do lado de fora da janela durante as três horas e meia de viagem, mas tão cansada das noites anteriores que dormi o caminho inteiro - acordando de vez em quando só. Mas antes de dormir, ainda em Londres, tive a surpresa de passar em frente à casa onde morou Alfred Hitchcok, na Cromwell Road, no Royal Borough of Kensington and Chelsea.

Peguei a foto nesse blog: http://blog.excess-baggage.com/2012/04/10/alfred-hitchcock/
Uma boa cochilada depois, chegamos em Cardiff, debaixo de chuva fina e fria. Tivemos que andar só um pouco (um pouco menos, se eu tivesse acertado a direção no mapa de primeira) para encontrar nosso albergue numa das principais ruas da cidade, St. Mary. O Bunkhouse, onde ficamos, é super bem localizado, perto de um Tesco, um Sainsbury's, vários restaurantes e lojas e pertinho do Castell Cardiff, nossa primeira parada depois de deixar as malas no albergue.

St. Mary Street decorada com bandeiras do País de Gales
Na verdade, a primeira coisa que fizemos mesmo foi comer, porque tendo acordado às seis da manhã (na verdade eu mal consegui dormir, de tanta ansiedade com a viagem) e já sendo uma da tarde, estávamos famintas. Nosso primeiro impulso foi seguir para a churrascaria brasileira (sim!!!!) que tínhamos visto logo que chegamos, também na rua do albergue, a Viva Brazil. Mas porque era domingo e dia dos pais aqui, a churrascaria estava lotada e só tinha mesas a partir das 17h. Tremendo balde de água fria, ainda mais depois de termos sentido o cheiro da carne do outro lado da rua. Mas não desisti, fiz reserva para o dia seguinte e fomos procurar outro lugar pra comer, no caso, o Wok to Walk, rede de comida chinesa que eu já tinha experimentado em Amsterdam. Forramos o estômago e fomos ver o castelo.

Do lado de fora não dá pra entender como é o castelo, pois você só vê um muro de pedra extenso e alto. Quando você entra é que dá pra ver que aquele muro é a fortificação (que faz um quadrado do tamanho de um quarteirão grande) e lá dentro tem várias coisas: um gramado enorme, um monte com um castelinho medieval no alto e um segundo castelo, maior, do lado esquerdo, em estilo gótico.
Muro do Castell Cardiff do lado de fora. Um castelo no meio da cidade!
 O preço para entrar no castelo é salgado: £9,50, apresentando a carteirinha de estudante. Mas o ingresso inclui também um áudio-guia, que é bem legal. Começamos o passeio por cima dos muros que vemos do lado de fora, onde os guardas ficavam de sentinela. depois de andar por cima de dois lados do quadrado, tínhamos a opção de explorar os túneis que passam por dentro destes muros, que foram usados como abrigos estratégicos durante a segunda guerra mundial; mas quando demos o primeiro passo para dentro da câmara, o ar era tão pesado de umidade e mofo e sei lá mais o quê que mal dava pra respirar. Ter a experiência de como era se esconder de bombas durante a guerra ou então de ficar preso na masmorra de um castelo medieval? Não, obrigada. Voltamos para o ar respirável e à luz do (ainda que enevoado) dia e andamos em direção ao castelo menor que ficava no alto de um monte.

Vista do interior do castelo de cima do muro. À esquerda: castelo gótico construído no século XIX; à direita, sobre o momento, The Keep
The Keep, como é chamado, era um castelo usado mais com propósito de guerra, mas também chegou a servir de moradia de alguns lordes (os quartos ficavam nas laterais do castelo, 'dentro' dos muros). Na verdade ele foi construído por invasores nórdicos no século XI por cima de ruínas romanas. Os muros originais também eram romanos. Tanto esse castelo quanto os muros foram reconstruídos no período Vitoriano (século XIX), em que o estilo gótico foi 'ressuscitado' - e o castelo gótico não existia daquele jeito, até esses mesmos Vitorianos remodelarem-no por completo. O grande nome responsável pelas reformas sofridas por este castelo é o Marquês de Bute, que ficou muito rico com a indústria de carvão da região de Glamorgan.

The Keep mais de perto

Interior do Keep
Enfim, é muita história pra um castelo só, eu não consegui apreender nem um terço, mas o importante é saber que o castelo, assim como a cidade de Cardiff, teve muita influência de romanos, nórdicos e bretões! E que o nome Bute é muito importante na região - é nome de rua, de parque, de tudo.

Depois de rodar o castelo, voltamos para a rua principal e passamo no mercado Sainsbury's para comprarmos o lanche da noite - sanduíche, suco e chocolate do meal deal. Como era domingo, depois das 18h não tinha mais nada aberto. Voltamos para o albergue e aí é que nos instalamos direito no dormitório feminino com capacidade para 18 meninas. Fiquei com medo de que fosse ser tudo muito bagunçado, mas quando chegamos éramos as únicas e ate o fim de nossa estadia somávamos 9 ao todo. Os beliches pareciam novos e o colchão era confortável. A roupa de cama era toda de florzinha e uma parede do quarto era rosa choque com um espelho dourado. O banheiro era bem limpo, tinha dois chuveiros (com torneira automática do tipo que desliga depois de alguns segundos, os banhos tem que ser bem econômicos, haja paciência pra ficar apertando o botão toda hora - mas pelo menos a água é perfeitamente quente), um com a porta quebrada, mas que foi consertada no dia seguinte; duas pias, duas cabines de sanitário.

Na segunda-feira, eu e J acordamos cedíssimo para tomar o café da manhã que era servido só entre 7h e 9h. Comemos torradas e chá, assistindo ao noticiário da BBC sentadas numa das camas antigas que fazem parte dos assentos da área do café da manhã: nada de sofás, apenas camas de grandes cabeceiras forradas com colchas de patchwork, banquinhos azuis turquesa com almofadas de tecido floral, mesas de piquenique (aquela do Zé Colmeia) com guarda-sóis de tecido franjado e iluminação indireta. Um charme meio vintage, meio kitshc, mas muito fofo e aconchegante.

Do blog: http://cosmeticsclothesandcutethings.blogspot.co.uk/2013/03/bunkhouse-cardiff.html
Tive dificuldades pra dormir na primeira noite porque o barulho da rua era absurdo. Como nosso quarto era no segundo andar e ficava bem de frente pra rua, dava pra ouvir tudo: as pessoas conversando (alto) no bar ao lado, as máquinas varradeiras passando, caminhões de lixo, a música alta da boate ao lado reverberando na parede ao lado da minha cama, as gaivotas notívagas guinchando. Foi uma noite difícil, mas as seguintes foram melhores, talvez porque eu estivesse cansada demais, mas acredito que foi graças ao remédio para sinusite e congestão nasal que comprei - com cápsulas noturnas para dormir melhor à noite.

Depois do café da manhã, passamos por algumas lojas e seguimos a St. Mary em uma linha mais ou menos reta em direção à Baía de Cardiff. O dia ainda não estava bonito, mas a chuva diminuía e era menos frequente - uns chuviscos de vez em quando. Acompanhei J até a atração que ela planejava ir a meses, Doctor Who Experience, uma espécie de museu sobre o seriado britânico Doctor Who que eu nunca tinha ouvido falar até o meio do ano passado, e parece que é febre mundial, porque todo mundo que encontro agora é um fã. Mas a série deve ser mesmo boa, afinal, começou em 1963 e continua até hoje. E é uma tradição britânica ser fã da série, também descobri.

Durante as duas horas que J passou no museu, dei uma volta pela baía, fui numa igrejinha norueguesa construída no século XIX, durante um outro período em que a presença nórdica era massiva na cidade, por causa do comércio marítimo; entrei no Pierhead, um prédio bonito, todo feito de terracota, que contava um pouco da história da cidade e da baía. Também entrei no prédio ao lado, um edifício moderno onde fica a National Assembly for Wales, espécie de Senado ou Parlamento onde são votadas leis específicas para o país. Essa autonomia foi conquistada em 1998. Escócia e Irlanda do Norte também funcionam de forma parecida, com legislações próprias mas subordinados ao Reino Unido em todo o resto.
Pierhead
Às 14h, finalmente, eu e J tivemos nosso tão aguardado almoço brasileiro. Fazia tempo que eu não comia carne direito, porque além de ser cara, a carne daqui não é tão boa quanto a que gente come no Brasil - e eu também não me arrisquei ainda a fritar bifes. Quando como carne é só em restaurante, principalmente em forma de hambúrguer ou iscas no yakisoba. Por isso o tamanho da animação! Comi quase tudo que me foi oferecido, só dispensei o chilli chicken (invenção daqui, quem é que come frango apimentado no Brasil?), o cupim (eca!) e os pernis (de porco e cordeiro). Me fartei de alcatra, picanha, coraçãozinho e medalhão de frango com bacon (e nem gosto de bacon!), só me decepcionei com a linguiça, que não era aquela rosada de churrasco, era a linguiça inglesa branca e sem graça. A farofa também deixou a desejar, muita pimenta e passas. Mas a polenta frita estava nota 10!! Pena que não tive forças para ir até a mesa do buffet buscar mais.
Ah, a saudade de Brasil era tanta que até bebi guaraná Antarctica, e eu não gosto de refrigerantes.

À tarde J e eu passeamos mais pelas lojas, voltamos à baía e de novo à rua principal (mas na volta pegamos um ônibus, o caminho é bem longo e já tínhamos andado bastante!)

Na terça-feira o tempo começou a melhorar, o sol até saiu. Como já tínhamos feito tudo e visto tudo o que tinha de importante na cidade, resolvi ir até o centro de informações turísticas procurar inspiração. O que não faltava era lugar pra explorar nos arredores da cidade! Escolhemos mais um castelo, no pequeno vilarejo de Tongwinlais (1950 habitantes), há 30 minutos dali, de ônibus. Foi um passeio barato, considerando o preço da passagem de ida e volta (3,80) e o ingresso do castelo (3,80 para estudantes). O castelo era lindo, mais um castelo medieval reformado por Vitorianos em estilo gótico - e mais um Bute no meio da história. Me apaixonei, parecia um castelo de conto de fadas.
Castell Coch no vilarejo de Tongwynlais


Estávamos de volta em Cardiff à hora do almoço e resolvemos experimentar o restaurante português-com-comida-moçambicana-e-música-brasileira onde nunca conseguimos comer em Guildford porque está sempre cheio, o Nando's. A especialidade da casa é o frango com molho peri-peri, de origem moçambicana. O frango era bem gostoso e você podia escolher o nível de apimentado que queria (por que, por que essa mania de comida apimentada em tudo que é canto??) Escolhi o quase menos apimentado de todos, só com toques de limão e ervas. Agora, o que mais valeu a pena foi a sobremesa: uma fatia de bolo de chocolate cremoso e gelado enorme e delicioso. A princípio íamos dividir, mas quando provamos a primeira colherada, soubemos que íamos querer mais. A gula falou mais alto e eu nem liguei. Ô bolo bom. Parecia um bolo feito do sorvete de Chocolate Fudge Brownie do Ben and Jerry's. Pura perfeição. Possivelmente o melhor bolo de chocolate do mundo.

Depois desse êxtase culinário, rodamos várias lojas e shoppings e compramos marmitinhas de sushi do mercado Waitrose, pequena extravagância para nossa última noite. Estava bem delicioso.

Na quarta-feira de manhã deixamos nossas malas prontas na recepção e fizemos o checkout. Rodamos pela cidade até às 10h30, quando pegamos um barco dentro do Parque Bute que descia o rio até chegar na baía. Achei que o passeio seria mais emocionante, muitas coisas para ver nas margens do rio, o vento nos cabelos... mas o barco era pequeno e baixo, todo fechado com janelas (bem seguro, para deleite de minha amiga que morre de medo de barcos) e não tinha nada de interessante nas margens, só prédios. Chegando na baía, passamos por baixo de uma ponte e vimos vários cisnes flutuando nas águas. Nosso último dia estava bem bonito, mais ensolarado, 20 graus, deu até pra suar.

Fizemos o caminho de volta ao albergue a pé, fazendo uma pausa para comer sanduíches de almoço e então finalmente pegando nossas malas e rumando para o terminal de ônibus. Mais três horas e meia de viagem, uma hora até Guildford (tempo total, contando deslocamento do terminal até a estação de trem e trocas de trem em Clapham Junction) e pronto, estávamos de volta em casa. Só tivemos a surpresa de descobrir que o itinerário dos ônibus sofreu mudanças de novo, mas dessa vez por causa de obras no Manor Park. Nenhum ônibus está podendo entrar aqui e tem um trator enorme na rua principal do campus. Tivemos que descer no ponto entre o hospital e a recepção, e parece que essa obra fica ainda por algumas semanas. Pelo menos eles são sensatos e só fazem essas coisas nas férias mesmo.

Férias, férias. Bem, em breve elas vão acabar, pois devo começar meu estágio obrigatório do Ciência sem Fronteiras, se não na semana que vem, na primeira semana de julho. Ainda não sei muito sobre ele, só sei que é numa empresa em Londres que faz vídeos promocionais e comerciais, Boko Creative. Vamos aguardar...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

#135: Festa no lago

Na sexta-feira, dia 14/06/13, foi o último dia letivo desse semestre em Surrey. Para comemorar, muitos estudantes vão às festas oficiais da boate da universidade - que começam na quarta-feira, mas chegam a ser bem caras (cerca de 20 libras só pra entrar) -, recorrem à boates da cidade ou a festas em casas de amigos em alojamentos do campus. O fato é que no final da noite, lá pelas três, quatro da manhã (quando o sol aqui já está nascendo), toda essa galera se reúne às margens do lago da universidade para continuar festejando o fim das aulas em comunhão com a natureza e com os amigos que vão para longe no verão.

A minha sexta-feira foi toda de despedidas. Primeiro no almoço, em que J e eu nos despedimos de nossa amiga de Film Studies, Melanie, de Cingapura. Aprendemos muito sobre a cultura do país neste convívio de quatro meses e fizemos uma amizade valorosa. Cingapura certamente será um destino de viagens no futuro.

À noite, eu, J e outras amigas fomos para o Stag Hill encontrar A e começar nossas comemorações à beira do lago - e também nos despedirmos de A, que já estava voltando para o Brasil. Não sendo CsF, ela tinha vindo só para ficar seis meses e seu tempo chegara ao fim. Mas antes dos abraços finais, conseguimos nos divertir bastante.

Primeiro porque descobrimos que ninguém vai pro lago antes da madrugada. Segundo porque nossa amiga T descolou uma festa na casa de amigos dela, ali no campus mesmo, e por lá ficamos batendo papo e ouvindo música até uma da manhã mais ou menos. Resolvemos voltar para o lago, mas eis que começa a chover. Fomos todas nos abrigar da chuva debaixo de um trailer de fast-food - e, já que estávamos ali, comer uns sanduíches também. Nisso, Laurianne, minha companhia para peças de teatro, nos encontrou e uma pequena aglomeração se formou embaixo da barraquinha de hambúrgueres e cachorros-quentes, e Laurianne e eu fizemos amizade com alguns ingleses. British bad weather: bringing people together since... ever.

Ao longo da madrugada, a chuva passou e nosso grupo grande foi se dispersando, mas consegui me despedir de A, de quem vou sentir muita saudade (mas pelo menos ela ainda mora no Brasil, é mais possível de encontrar). Assisti ao nascer do sol e explorei todos os cantos do lago que eu sempre tive curiosidade e às sete da manhã eu chegava de volta ao Manor Park, e dessa vez era hora de despedir-me de Laurianne. Lyon é mais uma cidade francesa que terei vontade de visitar agora e é bom saber que terei uma amiga por lá.

Desnecessário dizer que, tendo virado a noite em claro, dormi o sábado todo - ok, só até às 15h. Mas o resto do dia não foi tão produtivo. Só o que fiz foi arrumar minha mala para a viagem da manhã seguinte: Cardiff, no País de Gales.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

#134: Teatro ao ar livre

Depois daquele lindo sábado ensolarado, a semana foi toda cinzenta e chuvosa. Mas mesmo assim não deixei de sair todos os dias para comemorar a última semana de aulas do semestre, e despedir dos amigos que estão partindo agora. 

Na segunda fomos no maior pub crawl do semestre, organizado pela sociedade de engenharia e outros cursos da área de ciência; na terça, fizemos uma pequena reunião na casa de uma das brasileiras, comendo pizza e bebendo cidra altas horas da noite na cozinha, só conversando e passando o tempo junto; na quarta, nosso clube da luluzinha se reuniu no pub mais antigo de Guildford, o Three Pigeons, e passamos a noite comendo, falando sobre Harry Potter, novelas, filmes românticos... e nos derretendo com o lindo sotaque do nosso garçom, que pronunciava a palavra 'pear' da forma mais linda do mundo. Também fizemos uma orgia de chocolate com o 2-for-1 Dessert Deal da casa, e como éramos 5, logicamente pedimos 6 sobremesas pelo preço de 3, e foi difícil decidir qual era a mais gostosa: o Luxurious Belgium Chocolate Brownie ou o Five-Layered Chocolate Cake, ambos servidos quentes com sorvete de baunilha. A quantidade absurda de chocolate compensou sair de casa naquele dia que só fez chover.

Hoje, quinta-feira (13/06), o tempo melhorou milagrosamente, quase que exclusivamente para que eu pudesse assistir minha peça de teatro ao ar livre sem empecilhos - mas já consegui perceber um padrão no clima daqui: um dia lindo, cinco dias feios; uma semana linda, duas feias; e assim vai. O sol surgiu, o solo secou, mas o vento continuou gelado e impiedoso. E eu acreditei no sol e fui de meia-calça, vestido de alcinha e uma blusa de lã simples.

Fui com minha amiga francesa Laurianne nos jardins do Guildford Castle assistir à uma das peças mais famosas de Oscar Wilde, The Importance of Being Earnest, produzida pela Guildford Shakespeare Company. Os jardins ainda não estavam totalmente floridos, mas desde a última vez, o caminho principal já está todo coberto de petúnias e outras florzinhas em tons de roxo e lilás. No alto da colina onde fica o gazebo, foi montado o pequeno palco e algumas fileiras de cadeiras colocadas à frente. Tinha uma tenda onde ficava a 'bilheteria' e o 'bar'. Chegamos uma hora e meia antes da peça começar, trocamos nossas reservas das internet por ingressos de verdade, alugamos cobertores e guardamos nossos lugares na terceira fileira com eles. 

Para esperar até a hora da peça, fomos no pub ao lado, o King's Head. Bebemos um pint de cerveja cada uma e comemos um delicioso sanduíche de salsicha com mostarda em grãos (à l'ancienne, como diriam os franceses). Foi o tempo certinho de espera até o início da peça.

Situada no século XIX, a peça é uma típica comédia de erros e uma crítica à sociedade britânica. Jack Worthing é um jovem que tem duas identidades: em sua casa de campo, é Jack, o honrado e responsável guardião da linda jovem Cecily; na cidade, ele se passa por Ernest, que também é o nome que inventou para seu irmão baderneiro fictício, pressuposto para que ele vá a Londres com frequência. Em Londres, 'Ernest' pede Gwendolen, a prima de seu melhor amigo, Algy, em casamento; mas a união não é aprovada pela mãe da jovem, por 'Ernest' não ter berço. Ao mesmo tempo, Algy descobre a vida dupla do amigo e se aproveita da ausência de Jack para visitar Cecily no campo, apresentando-se como o irmão de Jack, 'Ernest'. E quando Gwendolen e Cecily se encontram, e descobrem que estão ambas apaixonadas por 'Ernest', está formada a confusão. 

Detalhe: o nome do personagem faz um trocadilho com o nome da peça: earnest significa honesto, sério, devotado.

Cenário da peça nos jardins do Guildford Castle
Amei a peça e amei ter novamente a experiência do teatro. Vou ficar de olho na Guildford Shakespeare Company para ver mais peças clássicas durante meu tempo aqui. A ambientação é muito agradável e os atores são incríveis.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Viajando pelo UK: Brighton

No sábado (08/06) aproveitei o raro dia ensolarado para fazer um passeio que eu tinha vontade desde antes de vir para cá, quando ainda estava escolhendo as universidades. É que eu tinha visto que tinha um curso de Creative Writing na University of Brighton, que estava vinculada ao CsF no edital anterior ao meu. Já tinha ficado toda animada, feliz que ia morar à beira-mar (como moro em Niterói) e na 'cidade mais ensolarada do Reino Unido'. Só que quando chegou o momento de eu escolher as universidades, Brighton e Creative Writing tinham sumido completamente da lista. Fiquei arrasada; e aí resolvi escolher Film Studies, o que não foi uma escolha ruim!

Enfim, no sábado, eu e J saímos de casa de manhã e entramos num trem para Clapham Junction (estação em  Londres que se conecta a mais cidades fora de Surrey) e de lá pegamos outro para Brighton, uma viagem de aproximadamente 1h30, dependendo dos trens que você pega. A gente perdeu o trem rápido pra Clapham Junction por 1 minuto e tivemos que pegar o lento, daí o tempo total de viagem foi mais longo, mas nem ligamos.

Chegando em Brighton, sem mapas (a não ser pelo Google Maps no celular, que não consultamos), eu e J seguimos nossos instintos e anos de vida morando em cidade litorânea (eu, Niterói/Rio, ela, Natal) e saímos da estação traçando uma linha reta à nossa frente. Foi uma caminhada razoavelmente longa, com muita gente no caminho (se tínhamos dúvidas de que o mar estava lá na frente, as pessoas com bermudas e chinelos indo pra mesma direção que a gente nos teriam dado certeza), descidas íngremes (Brighton tem um monte de ladeiras, e o mar, obviamente, fica na parte mais baixa da cidade), mas finalmente encontramos o lindo mar azul.

Primeira vista do mar, aquele pedacinho azul lá embaixo
A praia estava lotada e nossa primeira surpresa (a gente suspeitava, mas ver é completamente diferente do que saber) foi constatar que a praia não tinha areia, mas pedras - pedras lisas e redondas, bem bonitas, ao longo de toda a extensão da praia. Concordamos que deve ser muito desconfortável passar o dia deitado nessas pedras, mas a conveniência de não voltar pra casa com areia em todas as partes do corpo compensa.
Praia cheia, píer ao fundo














Descemos do calçadão e nos sentamos nas pedras um pouco, apreciando o sol e o vento gostoso, que não tinha cheiro de maresia, o que tirava um pouco da experiência de estar na praia. Talvez a areia contribua para esse cheiro tão característico... hum...

Andamos pela parte baixa do calçadão, passando por várias lojinhas de souvenires (conchas enormes e estrelas do mar ressecadas), restaurantes de peixe e barraquinhas que vendiam moluscos e caranguejos 'frescos' (gelados e crus, eca). Tinha um carrossel vintage lindo na praia e mais à frente o famoso píer de Brighton, com um parque de diversões completo.



A fome bateu e fizemos o caminho de volta, analisando nossas opções de almoço. Fiquei muito tentada a comer na churrascaria brasileira que vi no caminho para a praia, mas minha amiga não come carne vermelha e estávamos na praia, tínhamos que comer frutos do mar sentadas em mesas de frente para o mar. Comemos um prato de camarões gigantes num restaurante de garçonetes desorganizadas, chamado Bar de la Mer (uma das garçonetes era brasileira).

Depois do almoço, voltamos para a parte alta do calçadão, ao nível da rua, e tomamos sorvete Ben & Jerry's. Continuamos nossa caminhada até o píer, vimos o parque de perto e como já era seis da tarde (apesar do sol estar brilhando forte no céu), achamos prudente voltar para casa. E foi, porque só chegamos em Guildford lá pelas 22h, devido aos desencontros de horários dos dois trens que tínhamos que pegar. Chegando em casa, me olhei no espelho e constatei que o sol forte da praia, mesmo uma praia da Inglaterra, mesmo com uma temperatura de 20ºC, queima. Meu nariz e bochechas estavam vermelhinhos. É claro que eu não tinha passado protetor.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

#127: Verão chegando...

Consegui terminar todos os meus trabalhos a tempo. Foi uma semana bem cansativa, mas finalmente, ontem consegui desfrutar do meu primeiro dia de férias - e do calor inglês!

Fui para a cidade com minha amiga J (usando vestido de alcinha!), passeamos pela High Street, que ainda não tínhamos explorado totalmente e fomos no castelo de Guildford, porque minha amiga ainda não o conhecia. Fiquei triste quando vi que as lindas tulipas que floriam os canteiros dos jardins tinham desaparecido. Os canteiros só tinham terra e nada mais. Porém, vimos um jardineiro e várias estantes de rodinhas espalhadas pelos jardins, com muitas mudas de plantas; aparentemente, petúnia é a flor da vez. Os campos onde ficavam os narcisos agora estão floridos com outras flores amarelas e brancas, bem pequeninas. Estou começando a entender como a primavera funciona.

Depois de passear, comemos num restaurante de sushi em que você senta no bar e os pratos de comida vão passando numa esteira e você vai pegando o que quiser; uma experiência interessante. Pegamos um ônibus para a universidade e encontramos outras amigas brasileiras indo para o gramado próximo ao lago. Sentamos na grama e apreciamos o sol de 20 graus - quente, quente, quente! Em seguida fomos para a casa da A, ali perto, e ela fez bolo de fubá e pão de queijo (nós ajudamos um pouco). Passamos o resto da tarde comendo, e quando vimos, já eram 19h. Mas o sol ainda estava alto! Nem vimos o tempo passar. Aliás, esse sol que só começa a se pôr às 20h, 21h é um perigo. A gente perde a noção do tempo total. Agora são 21:43 e o céu ainda está escurecendo.

Minha janela às 21:43
Hoje dormi a manhã inteira e à tarde fui me encontrar com A e as outras meninas no lago novamente. Dessa vez até fui de short, 23 graus! As meninas foram embora por volta das 17h, mas eu continuei lendo ao sol até ele se esconder atrás de uma árvore e começar a esfriar.

Pernas de fora! Feels like summer...
Ainda não sei pra onde viajarei nessas férias - se é que vou poder fazer grandes viagens, tudo vai depender do meu estágio, que ainda não tenho ideia de onde vai ser nem quando começa -, mas já vi que vai dar pra aproveitar bem este verão. Acho que eu sou feliz em qualquer lugar, contanto que tenha sol e boas companhias.