A Luísa já tinha me avisado: Praga é a cidade mais bonita do mundo. E não é que eu não tivesse acreditado ou duvidado de seu julgamento. Mas eu precisava comprovar por mim mesma, porque todo mundo tem opiniões diferentes sobre tudo. Não dá pra confiar que o que é uma verdade absoluta pra uma pessoa vai ser uma verdade absoluta pra outra também.
Mas nesse caso pode. E é unânime.
It is a truth unniversally known...
... That Prague is the most beautiful city in the world.
Eu não esperava que fosse gostar tanto. A verdade é que na minha lista de lugares do mundo para conhecer, Praga não era uma prioridade. O leste europeu não era uma prioridade. Eu queria ir no Mediterrâneo antes e conhecer a Alemanha também. Deixar os países fora da zona do Euro por último. Mas calhou de eu ir passar quatro dias em Praga junto com uma das minhas melhores amigas, que já conhecia e amava a cidade. E calhou de eu me apaixonar por ela também.
Depois de mais alguns dias em Amsterdam usufruindo dos dotes culinários da Lu (que são incríveis) e conhecendo a noite holandesa, na quarta-feira à noite voamos para a capital da República Tcheca - onde aparentemente ninguém se importa com quem entra no país, já que não havia funcionário algum na alfândega para nos 'receber'. E olha que a gente estava vindo de Amsterdam. Eles tinham todo o direito de desconfiar da nossa bagagem, se quisessem. Mas entramos no país sem restrição alguma - porque também não havia motivo.
Pegamos um ônibus, descemos no metrô da linha A, trocamos para a linha B e algumas estações depois estávamos no St. Christopher's Hostel. Primeira vez que fiquei em albergue, e foi uma ótima experiência: quarto limpo, arrumado, banheiro espaçoso e bem cuidado também. Nossos colegas de quarto é que não eram lá muito organizados... ou respeitosos. Mas foram embora cedo no dia seguinte e substituídos pelos amigos CsF da Lu: Adalberto, Diogo e Gabi, aniversariante e motivo da viagem.
Na quinta-feira eu e Lu fizemos o free tour com o pessoal do albergue. Passeamos pela Old Town Square, ouvimos histórias e lendas locais, fomos no bairro judeu, passamos pela filarmônica de Praga, vimos prédios góticos, barrocos e neoclássicos.
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Ao fundo, torres da Tyn Church. Conseguem perceber a diferença entre uma torre e outra? |
Mas a melhor atração do momento foi assistir o relógio astronômico em ação: a cada hora, o relógio soa as badaladas, os bonecos ao lado do relógio começam a se mexer, os doze apóstolos aparecem nas janelinhas acima do relógio e o show atinge seu clímax com o galo dourado que bate as asinhas e diz "coo-coroo!". Mais incrível ainda é saber que este mecanismo tão complexo - que marca as horas de três regiões diferentes e ainda diz o posicionamento do sol e da lua no céu - foi construído no século XV, e apesar de já ter precisado de reparos várias vezes, continua funcionando com perfeição e precisão.
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Orloj, o relógio astronômico. O disco de cima marca as horas e a posição do sol e da lua no céu; o disco de baixo apresenta todos s signos do zodíaco. |
Depois do tour, atravessamos a linda e famosa Charles Bridge e fomos explorar o outro lado da cidade, conhecido como Lesser Town. Mais torres góticas e igrejas barrocas, mais beleza transbordante.
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Charles Bridge |
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Portal de entrada da Lesser Town |
Comemos por ali e depois caminhamos até o Vysehrad Park, um parque cercado por muros de pedra, que abriga a Igreja de São Pedro e São Paulo e fica no alto de uma colina, de onde dá pra ter uma incrível vista da cidade e do rio Vltava.
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Vista do Vysehrad Park |
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Vysehrad Park e igreja |
No dia seguinte, já com os amigos da Lu, visitamos o Castelo de Praga, o maior complexo de castelos do mundo, sede do poder desde a época em que a República Tcheca ainda era a Boêmia governada por reis. Diferentemente de muitos castelos que existem e existiram, a função principal do Castelo de Praga sempre foi de abrigar os escritórios do governo ao invés de servir de moradia para a nobreza, embora ele também tenha sido usado como residência para governantes em alguns raros momentos da história da cidade.
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Entrada do Castelo de Praga |
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Catedral de São Vito, dentro do complexo do castelo |
À noite, fizemos um
pub crawl (lá, chamado de
bar hop) com o pessoal do albergue, visitamos cerca de quatro bares super claustrofóbicos, todos situados em cavernas e galerias subterrâneas - um clima meio abrigo anti-bombas, coisa de cidade que já passou por muitas guerras. A pior coisa de Praga é que é permitido fumar em lugares fechados, o que não melhor nem um pouco a sensação de claustrofobia. Mas sobrevivemos e terminamos a noite dançando Abba e Michael Jackson na maior boate do país - quiça do leste europeu?
No dia seguinte, visitamos a torre Petrín, construída dois anos depois e uma espécie de 'réplica' da Torre Eiffel, que fica no alto de uma colina verdejante. A torre é bem menor, mas somando sua estatura com a altura da colina, chega-se à mesma altura da Torre Eiffel, garantem os tchecos. A diversão foi subir e descer a colina de funicular, mas sofremos para alcançar o topo da torre subindo pela escada em caracol. Elevador, só pagando mais caro, e àquela altura já não tínhamos tantas coroas tchecas pra gastar com conforto (só com comida). Encaramos a subida e fomos recompensados com uma vista panorâmica de toda a cidade.
É difícil explicar porque Praga é tão linda e única, e é por isso que custei a entender o fascínio que esta cidade exerce nas pessoas, principalmente na minha amiga, que já esteve em outras tantas cidades lindas e é tão apaixonada por Paris, também inegavelmente linda. Mas há algo em Praga que a faz destacar-se das demais.
Não é uma cidade de uma beleza arrebatadora, estonteante, que te faz perder o fôlego de uma vez só. É uma cidade onde o belo está na simplicidade. E quanto mais você a conhece, mais ela vai crescendo e se tornando de fato deslumbrante. E aí é um deslumbre que não acaba depois da terceira vez que você passa pelos mesmos lugares. É uma coisa que fica, e vai crescendo. A cada esquina você encontra mais alguma coisa para te fazer amar Praga, e não acaba. Como quando estávamos voltando para o albergue à noite, logo após o sol cair, passando pela Charles Bridge, e resolvemos olhar para trás.
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Charles Bridge à noite |
Um banho de beleza inesperada, beleza simples, que estava ali o tempo todo - as torres da igreja e do castelo eram as mesmas que vimos o dia todo -, mas que com o azul noturno e a iluminação da cidade, se tornou uma paisagem de tirar o fôlego e esvaziar a mente de qualquer outra coisa. Eu só conseguia pensar: essa é a cidade mais bonita do mundo. Ponto.
Estou indo pra Europa agora no fim do Mês, e estarei em Praga de 5 a 8 de agosto, estou muito empolgada e feliz de conhecer este lugar maravilhoso! O post me deixou com mais água na boca ainda! Abraço.
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