Acordei cedo no sábado e encontrei a M. e uns meninos brasileiros às oito da manhã para nossa primeira excursão: conhecer as misteriosas pedras de Stonehenge e a cidade de Bath, conhecida pelos banhos romanos e por ser a cidade natal de Jane Austen e cenário de alguns de seus livros, como
Northanger Abbey. Sou uma grande fã!
Como não confiamos que o ônibus passaria a tempo de nos levar para o ponto de encontro da excursão, fomos andando até o Stag Hill campus. Foi uma longa caminhada de 25 minutos no cinzento frio matinal de Guildford. Definitivamente não era o melhor dia para andar ao ar livre, ainda mais com o vento congelante que parecia ultrapassar a grossa barreira do meu poderoso casaco comprado no Canadá. Eu não estava com a minha melhor blusa de lã por baixo do casaco e tinha esquecido minhas luvas na correria de sair de casa, mas felizmente a M. tinha um par extra.
Chegando no Stag Hill corremos para alcançar o ônibus, que já estava cheio e pronto para partir, mas conseguimos não ser os últimos a entrar. Ninguém ficou para traz, ainda bem. Durante as próximas duas horas deu pra repor o sono da cansativa noite passada.
O primeiro destino foi Stonehenge, um conjunto literalmente no meio do nada - bem, no meio de um pedaço de grama entre duas estradas no meio do nada. Eu imaginava que ficasse num lugar mais místico, no alto de uma grande colina, com muita névoa em volta. Mas talvez eu tenha acreditado demais na versão da Disney no filme Valente.
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Expectativa |
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Realidade |
Mas foi legal, mesmo assim. Apesar do vento e do frio. Muito frio.
Viajamos por mais uma hora até chegar em Bath, que fica no sudoeste do Reino Unido, próximo de Bristol. A cidade é bem grande, não só na extensão, mas na arquitetura. Muitos edifícios ostentosos estilo georgiano. É uma cidade bem turística e mais conhecida por suas águas termais e pelos banhos construídos pelos romanos durante a ocupação do Império Romano na Grã-Bretanha (sabe-se lá quantos mil anos atrás, descubram e me digam depois).
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Bath Abbey ao fundo e Pump Room à direita, muito frequentado pelos personagens de Northanger Abbey. |
Chegamos na cidade pela hora do almoço, todos morrendo de fome. A M. tinha combinado de almoçar com um amigo do pai dela que tinha acabado de se mudar para a cidade e fiz companhia para ela. Demos uma volta na loja de departamentos Debbenhams e encontramos o amigo do pai dela junto com a esposa e o filho (fofo!) de três anos. Almoçamos num restaurante chinês bem gostoso e barato, 6 libras por entrada, prato principal (beeem servido!) e chá.
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Rio Avon |
Depois do almoço passeamos pela cidade, que, como era um sábado, estava bem cheia de turistas. Compramos chocolates deliciosos numa loja chamada Thorntons.
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Contraste: cabine telefônica inglesa moderna e busto romano clássico ao fundo |
Entramos na fila para ver o banho romano por volta das quatro. Além do banho, tinha um museu contando como era a vida dos romanos nos banhos, de onde vinham as águas termais, e várias outras coisas que não conseguimos ver direito. Fizemos o passeio correndo pra dar tempo de ir no Jane Austen Centre (a M. também é fã!) que fechava às 17h30 e a gente ainda tinha que descobrir como chegava lá.
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Julius Ceasar (ou outro imperador. Eram muitas estátuas) |
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O banho romano |
Chegamos às 16h40 na antiga casa da Miss Austen, mas fomos informadas que o último grupo de visita ao museu e ao salão de chá tinha entrado às 16h38 e não poderíamos mais entrar. Frustração total. O único lugar que mais queríamos ir estava fechando a porta na nossa cara. A funcionária nos sugeriu de voltar no dia seguinte mas dissemos que estávamos partindo às 18h. Ela apenas disse "que pena" e nem reconsiderou nos enfiar no grupo. Parece que teremos que agendar uma outra visita à Bath em breve. Mas deu pra dar uma volta pela loja e babar por todas as coisas que eles vendiam: além de todos os livros, tinteiros, penas, papéis de carta, jogos de chá, e outras fofices. Comprei uma borracha em forma do livro
Orgulho e Preconceito, só pra não perder a viagem.
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Eu e Jane Austen |
Tínhamos ainda uma hora e vinte minutos livres, então passeamos sem rumo pela cidade. Entramos na livraria Waterstone onde eu consegui encontrar o exemplar que faltava na minha coleção da Jane Austen, justo o mais famoso de todos:
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O vermelhinho é a tal borracha que comprei na casa da Jane! |
Também comprei
Howard's End de E. M. Forster que estava na liquidação por 2,99. Eu não conheço o autor, mas eu já vi o filme desse livro; um professor o mencionou na minha primeira semana aqui; me deparei com ele na biblioteca quando procurava outro livro; e fui atraída por essa edição na livraria por causa da capa linda (azul clara com estampa de lírios beges; estava sem a capa de papel que contem o título, por isso o preço baixo). Acho que o universo está me mandando ler esse romance, então, vou obedecer. Fomos ainda na Paperchase, a papelaria mais linda que eu já vi na vida, mas me contive. Tem dessa papelaria em Guildford também, quando estiver com mais dinheiro vou lá torrar.
Passamos por uma momento tenso, M. e eu, quando já era 17h30 e a gente não tinha ideia de onde estava na cidade. Com a ajuda dos queridos Google Maps e 3G, conseguimos nos localizar e encontrar o estacionamento onde estava nosso ônibus. Entramos, nos aconchegamos e dormimos. Duas horas e meia depois estávamos novamente em Guildford, e a melhor parte foi que o motorista do ônibus nos deixou no Manor Park antes de seguir para a universidade, uma fofura, considerando que nós éramos poucos.
Depois desse longo dia tudo o que eu queria era dormir.
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