O mês de fevereiro começou intenso.
Às 08h15 da manhã encontrei Bethany para irmos ao Stag Hill, o campus principal, que eu ainda não conhecia. O plano era irmos a pé, para que eu tomasse conhecimento do caminho, mas a chuva atrapalhou nossos planos. Nos dirigimos ao ponto de ônibus, bem próximo de nossas casas, e esperamos. O ônibus chegou, comprei meu bilhete de ida e volta e nos acomodamos, eu prestando atenção ao caminho o tempo todo, tudo tão novo.
Observações importantes sobre os ônibus daqui, principalmente para quem nunca viajou para fora do país (também vale para ônibus em outros países da Europa, imagino, e para EUA e Canadá - primeiro mundo, vai):
- Não há roleta;
- Só existe o motorista, que recolhe o dinheiro da passagem, que tem que estar exato. Se é £1,20, você dá um £1,20. Motorista não faz trabalho de trocador (que não existe, aliás). Recolhido o dinheiro, ele entrega a passagem para a pessoa, que pode ser só de ida ou ida e volta.
- Enquanto o motorista está recolhendo o dinheiro das pessoas, o ônibus está parado no ponto, e assim fica até a última pessoa entrar nele e ele coletar o dinheiro ou verificar o passe de ônibus.
- Os lugares preferenciais são respeitados.
Descemos no ponto principal do campus, em frente ao Austin Pearce building, e a partir dali, Bethany me guiou por entre corredores estreitos, escadarias e passagens entre um prédio e outro até o Lecture Theatre Block, onde aconteceriam as palestras de orientação para os alunos de intercâmbio. Desde que me inscrevi no programa, sabia que pelo menos uns 30 brasileiros estavam vindo para Surrey também, mas até então não esbarrara em nenhum deles e este seria o momento.
Cheguei adiantada, junto com outros alunos de nacionalidades não identificadas e me instalei num dos sofás do hall do prédio. Peguei um exemplar do jornal universitário, The Stag e dei uma folheada, mas logo os funcionários do International Relations Office chegaram com café, chá e muffins, então troquei o jornal por muffins de chocolate e café quentinho até o resto dos estudantes chegarem e a orientação finalmente começar. Quando o hall já estava bem cheio, os funcionários indicaram caixas, organizadas em ordem alfabética, onde cada um deveria encontrar uma pasta com seu nome. Para os alunos do Ciência sem Fronteiras havia duas caixas separadas, especiais, e notei que fui a primeira e única a me apresentar para busca minha pasta. Alguns minutos depois os brasileiros chegaram, em bando, como é comum de se observar em viagens internacionais. Brasileiros estão sempre juntos.
Não falei com ninguém a princípio, embora reconhecesse alguns do grupo do facebook. Preferi esperar até depois das palestras, quando teríamos mais tempo para conversar informalmente.
Assistimos a algumas palestras num dos auditórios do prédio; uma palestra de boas vindas só para alunos do Ciência sem Fronteiras, outra para todos os intercambistas, outra sobre saúde e segurança no campus e a última sobre a Students Union, que organiza eventos, viagens para os estudantes, clubes, dentre outras mil coisas. Depois de tanta palestra tivemos um joguinho para quebrar o gelo e todos se conhecerem um pouquinho. Tínhamos que falar com as pessoas e descobrir quais eram suas nacionalidades, cursos e para onde já tinham viajado, e foi aí que tive uma ideia geral de quantas nacionalidades estavam presentes naquela sala de cento e tantas pessoas. Finlandeses, italianos, australianos, coreanos do sul, americanos, franceses, espanhóis, brasileiros, é claro, e muitos outros que não cheguei a conhecer.
Depois da brincadeira fomos fazer o tour pelo campus para conhecer os prédios principais, a biblioteca, o pub, a Starbucks dentre vários outros locais interessantes. Almoçamos no restaurante Hillside e comi um yakissoba de camarões extremamente picantes, o que me decepcionou um pouco. Após o almoço, prova de inglês. Só para testar nosso nível em termos acadêmicos, explicou a professora dos cursos de apoio. Em 30 minutos tínhamos que fazer uma redação sobre um dos temas disponíveis e tomar cuidado para não desviar da proposta. Muitos se desesperaram com o prazo apertado, mas eu sou jornalista, estou mais do que acostumada com deadlines e a escrever sob pressão. E também já tinha praticado o inglês um bocado fazendo as redações para o IELTS, então espero que tenha me saído bem. As provas de Reading e Grammar eram para ser feitas posteriormente, online.
Às duas horas encontrei minhas colegas de Film Studies, duas brasileiras e uma menina de Cingapura. Batalhamos um pouco para encontrar o prédio do departamento, Nodus Building, mas finalmente encontramos e pudemos nos reunir com as coordenadoras do curso para discutir nossas timetables. Ao contrário do que nos foi informado na inscrição, podíamos escolher matérias de diversos anos do curso ao invés de matérias só do segundo ano, o que tornou ainda mais difícil a escolha dos módulos para esse semestre, que são obrigatoriamente 4 - nem mais, nem menos. Mas as coordenadoras foram compreensivas e nos deram a semana inteira para pensar antes de nos inscrevermos oficialmente. É só ir nas aulas que tivermos interesse e decidir depois.
Fim do dia, voltei para casa. Lar, doce lar. Tomei banho, lanchei e me arrumei para ir ao Chancellors, pub da universidade onde todos os intercambistas recém-chegados se encontrariam para continuarem se conhecendo. Encontrei uma das meninas do meu curso e, junto com um considerável grupo de brasileiros fomos caminhando até o pub, o que foi um pouco cansativo, mas recompensador. Cerveja boa por £1,80 (copo de 500ml). A festa rolou até sermos literalmente convidados a nos retirar, pois o lugar fechava à 00h. Brasileiros farristas.
A volta pra casa foi tranquila, todos já conheciam o caminho agora, não tivemos desvios desnecessários. Conheci os outros dois brasileiros que moram no meu flat, uma menina e um menino. O bom é que podemos dividir comida e utensílios de cozinha. Os outros habitantes do flat são muito reservados: duas coreanas, uma que entra na cozinha correndo, faz sua comida e sai sem dizer nada; a outra já é mais simpática, encontrei-a no primeiro dia, se apresentou e ofereceu ajuda. Os outros dois são da Arábia Saudita e das Ilhas Seychelles, e nada sei sobre eles por enquanto.
Engraçado, os brasileiros realmente têm um diferencial: gostam de estar juntos e são sempre disponíveis a ajudar. Eu ri com essa coreana tímida.. rs. Aos poucos acredito que todos se tornarão uma família, pois a solidão e o isolamento pode ser cruel num país desconhecido. Tentar se aproximar daqueles mais distantes é uma ideia, afinal, eles também devem querer participar das reuniões com outras pessoas, mas talvez não se sintam bem vindos. Sei lá..
ResponderExcluirEstou amando ler isso aqui... rs Continue compartilhando sua experiência, Luiza! =)
Ah, e gostaria de pedir uma coisa, para facilitar os comentários: retire a exigência do código de verificação, isso toma tempo e é MUITO chato. Please!
Eu tenho um blog também e já retirei esse mecanismo, muita gente n comentava porque achava demorado e maçante. Ok, não é nada que vá fazer o mundo acabar, mas na internet as coisas tomam proporções maiores do que o normal. haha ;P
Abraços!
Paz e Luz!
Pronto, pedido atendido! ;)
ExcluirOlá Luiza, li alguns textos do seu blog echei muito legal. Deixa eu te perguntar uma coisa sobre o CsF pois estou participando da atual chamada. Voces que estao em Surrey estão recebendo o adicional localidade ?
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